*Resumo do Livro “Evangelicalismo Moderno” e da Apostila “Teologia Pastoral”.



1- O Evangelicalismo Moderno.

O livro Evangelicalismo Moderno tem como debate teológico mostrar que a igreja de Jesus Cristo precisa preservar sua identidade espiritual, procurando ter muito cuidado em desenvolver uma doutrina que corresponda com a prática. Os chamados movimentos evangélicos têm gerado uma descaracterização dessa identidade, o que tem contribuído para enfraquecer doutrinariamente a igreja. O Príncipe dos pregadores, Charles Spurgeon, de uma maneira inspiradora, discerne como a igreja se molda às formas e projetos humanos a cada tempo, a cada época. O livro nos leva a refletir que não se podem confundir muitas formas de anunciar o mesmo evangelho com anunciar muitos evangelhos para permanecer da mesma forma. No seu tempo, Spurgeon vivenciava a teologia purina, o que chamaram de “a época dourada da teologia inglesa” e como puritano calvinista buscava dá, mas ênfase em suas mensagens na área da soterologia, o que levou sua igreja evidenciar um crescimento qualitativo, mas com qualidade. Spurgeon acreditava como os reformadores que a identidade da igreja estava na sã pregação da palavra, pela correta ministração dos sacramentos e pela prática da disciplina, o que para Spurgeon gerava no seio da igreja pureza doutrinária, liturgia com ordem e decência procurando um culto racional e uma vida ética dos eleitos de Deus na igreja e na sociedade. A exposição do livro esclarece que o modernismo vem gerando um evangelho genérico, onde questões como crescer sem se importar como é o mais importante, onde os fins não justificam os meios. O pragmatismo tornou-se um referencial doutrinário, litúrgico e evangelístico onde a evangelização alternativa tornou-se base para alcançar as multidões, que sem o processo do discipulado não permaneceram. Sem dúvida que a maior marca da igreja está em pregar, ensinar, discipular a palavra, o Apostolo Paulo é enfático quando diz “prega a palavra a tempo e a fora de tempo”, isso mostra que a responsabilidade de transmitir a palavra é de fundamental importância para a igreja alcançar a multidão. Porém, hoje, a identidade da igreja é não ter diferença com as coisas do mundo que atrai o que a igreja não consegue a multidão. O que dizer das características implantadas na ênfase e valorização da arte, os estilos musicais, ambientes às vezes hollyoodianos onde Altar passou a ser visto como palco, onde o comportamento busca a liberdade na linguagem, nas indumentárias, pois na presença de Deus podemos estar à vontade e com intimidade, onde o humanismo é visivelmente percebido, pois o que importa é agradar os homens, que passou a ser o produto consumista da igreja. A Liturgia é muita mais antropocêntrica do que Cristocêntrico, como já dizia Spurgeon: “Estamos, mais entretendo bodes do que alimentando Ovelhas”. As igrejas evangélicas da época de Spurgeon haviam abandonado as antigas doutrinas da graça. O que marcou a vida e o ministério de excelência de Spurgeon foram a sua formação teológica, suas convicções doutrinárias, suas habilidades na oratória, nas pregações extremamente expositivas, como um apologeta, procuravam definir toda suas mensagens baseadas totalmente nas escrituras. Spurgeon foi um homem que sempre preservou o fervor, o fogo a sinceridade como características elementares e essenciais para todas a suas pregações. Comungar com igrejas e pessoas que laborassem em viver uma vida de erros era como ser co-participante dos erros, pois onde não tem comunhão espiritual, não deveria haver intenção de associação, sua visão de unidade só com todos os cristãos verdadeiros. Spurgeon pode nos ensinar, além de tudo isso, que o sucesso ministerial não se traduz em quantidade de membros, mas em ministrar a palavra com verdade, pregar o evangelho genuíno. Quero ressaltar aqui um trecho de uma de suas mensagens mencionado no livro “Lastimo! Que tem havido grande descuido na admissão de membros nas igrejas, pelo que tem decaído o nível espiritual e desaparecido os bons fundamentos, devido à influência das multidões mistas, no meio das qual toda classe de males encontra abrigo e acolhedor. Que a porta da igreja esteja aberta a todas as almas sinceras, mas fechadas a todos aqueles cujos corações estão no mundo”. Spurgeon dizia que somos facilmente levados a sermos induzidos a práticas atraentes e a ficarmos presos a regras e métodos, referindo-se a liturgias de cultos, que já em seu tempo manifestavam tal tendência, apoiado por pregadores como Moody e Sankey. Spurgeon dizia que “se as almas fossem ganhas pela música os pregadores deveriam dar espaço para os cantores de ópera”. Porque não dizer que já estamos em um tempo de gospelização musical, onde o tempo de louvor nas liturgias de algumas igrejas ganhou mais espaço, mais admiração do que a própria pregação. O sensacionalismo é muito estimulado nos cultos visando prender as pessoas à igreja como forma teatral. Portanto, a vida, a obra e as posições teológicas e práticas de Charles Spurgeon tem muito para nos ensinar em nosso tempo e ministério. O tempo provou que Spurgeon estava certo quanto ao seu temor de que efeitos da alta crítica que tanto combateu, seriam devastadores, as doutrinas foram ficando cada vez menos importantes, chegando ao absurdo de serem vistas como empecilho para a uma vida cristã, isso tem contribuído para diminuição de pessoas nos cultos doutrinários, escola bíblica e cultos de oração. Hoje, o que importa são os resultados, os números, os movimentos humanos criativos geradores de emocionalismo e cultos “animados” que não contribuem para um crescimento de qualidade. É preciso rever nossas convicções e buscar em Deus, à luz da sua palavra, viver como um atalaia que apesar de tantas inovações, metodologias e formas de crescimento nunca esquecem que quem faz a igreja crescer é Deus; “Todos os dias acrescentava o Senhor a Igreja aqueles que deveriam ser salvos” Atos 2: 47.




Pr.Israel Jordão.