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*Resumo de filósofos dos períodos históricos da Filosofia.


Palavra introdutória
A palavra filosofia é de origem grega e significa amor à sabedoria. Ela surge desde o momento em que o homem começou a refletir sobre o funcionamento da vida e do universo, buscando uma solução para as grandes questões da existência humana. Os pensadores, inseridos num contexto histórico de sua época, esses pensadores buscaram diversos temas para reflexão. A Grécia Antiga é conhecida como o berço dos pensadores, sendo que os sophos (sábios em grego) buscaram formular, no século VI a.C, explicações racionais para tudo aquilo que era explicado, até então, através da mitologia. Uma história da Filosofia não deve ser apenas uma história de idéias. Nem simplesmente um ramo da história. Do ponto de vista da história das idéias, é importante tentar imaginar-se na situação da qual surgiram essas idéias. Não é suficiente apenas mostrar a influência da filosofia sobre as pessoas e na sociedade. Mas fazer isso exclusivamente poderia ser prejudicial ao entendimento da contribuição dessas idéias à Filosofia como um todo. Necessita-se, portanto, de equilíbrio, conhecer não só a biografia do filosofo, mas o ambiente em que ele viveu, tanto social como intelectual. Não é evidente que precisemos de tudo isto a fim de compreender o seu pensamento como contribuição à Filosofia. De qualquer modo, a história da Filosofia não pode dizer respeito meramente a idéias. A Filosofia se concentra em problemas, mesmo que apenas nos problemas de compreender isto ou aquilo. A solução de problemas requer justificação e esta exige argumentos. É importante salientar que na história da filosofia se descobre que, os primeiros vestígios de filosofia aparecem no mundo oriental, onde nem toda idéia, orientação mística e religiosa é sua especialidade. A filosofia oriental indica ocasionalmente que existem paralelos entre ela e a filosofia ocidental e seria de fato surpreendente se eles não existissem. Qual, então, a importância da história da Filosofia? À história deve fornecer conhecimento de como as questões existenciais e circunstancias foram motivos de questionamento e busca de uma resposta lógica, uma vez que nenhum indivíduo pode resolver por si mesmo todos os aspectos de um problema ao qual deva dar atenção.
O período histórico Antigo, Pré-Socráticos e Socráticos
Costuma-se dizer que a filosofia ocidental começou com os gregos. De fato, mas não na Grécia. Os primeiros filósofos cujos nomes chegaram até nós viveram perto de fins do século VII a.C. em Mileto, uma cidade portuária situada na costa da Ásia Menor. Era, na verdade, uma colônia grega, mas localizada em um ponto em que forçosamente sofreria a influência de pessoas de outras nacionalidades que viviam na Lídia, na Pérsia, na própria Babilônia. A Índia ficava longe demais e as comunicações eram demasiado precárias para que as influências originárias dessa fonte fossem as primeiras. No mundo antigo, considerava-se o Egito como a origem da matemática, como a Babilônia o era da astronomia (os movimentos aparentes dos corpos celestiais eram registrados em tabuinhas de argila). O emprego da matemática pelos egípcios era considerado tão importante que os gregos tendiam a considerar que, qualquer compatriota seu que mostrasse capacidade matemática e espírito de inovação, devia ter estudado naquele país. Consta que Tales, o primeiro dos denominados filósofos, dirigiu-se para o Egito. Essas influências, contudo, combinadas com idéias religiosas e mitológicas entre os gregos, de alguma maneira geraram a Filosofia. Aristóteles disse que a Filosofia começa com o senso de maravilha e há certamente indicação disto no pensamento dos primeiros filósofos gregos. Conta-se que Tales, afirmava que todas as coisas estavam repletas de deuses e há numerosas referências a certas coisas como divinas sem que isso implicasse uma atitude religiosa específica. A natureza era simplesmente considerada como algo divino. Ao mesmo tempo, a alegação de Aristóteles de que Tales dissera que o “primeiro princípio” de todas as coisas era a água, e a tese subseqüente proposta por Anaxímenes, sucessor de Tales, de que as diferentes matérias são formadas de ar mediante processos recíprocos de condensação e rarefação, parece ciência primitiva uma tentativa antiga de identificar a natureza básica da realidade, assim, Anaxímenes, diz que o ar envolve todo o mundo, da mesma maneira que nossa alma, “sendo ar”, nos mantém íntegros e nos controla. O que quer que mais fosse a alma era para os gregos o princípio da vida. Dados esses fatos sobre o pensamento de Tales e de Anaxímenes, que os torna especificamente filosóficos. No caso de Anaximandro, o sucessor imediato de Tales em Mileto, há talvez mais matéria de estudo. O que impressionou Aristóteles e outros sobre Anaximandro foram que ele se recusou a identificar a matéria básica, subjacente, com qualquer um dos quatro elementos tradicionais – terra, fogo, ar e água -, preferindo invocar o que chamou de apeíron (infinito, ou ilimitado) neste particular. Fez isso presumivelmente sobre o fundamento de que era impossível gerar esses elementos de qualquer um de seus membros. Autores que comentam as opiniões de Anaximandro, porém, falam dos céus e dos mundos como tendo se originado do apeíron. A palavra sugere uma matéria que poderia ser transmutada em outras. Impressionava Anaximandro a inevitabilidade das mudanças que ocorrem no mundo – frio/quente, verão/inverno, juventude/velhice -, mudanças estas que podem ser representadas, como o eram pelos gregos em geral, como mudanças de um estado para seu oposto Há, contudo, outros aspectos em seu pensamento – sobre cosmologia, sobre o mundo e sobre animais – que o mostram como pensador. A Filosofia pode ter continuado em Mileto, mas nada sabemos a esse respeito até que, ao fim do período pré-socrático, as duas figuras principais seguintes foram Pitágoras e Heráclito, tendo este último vivido em Éfeso – mais uma vez, na costa da Ásia Menor – e o primeiro em Samos, uma ilha do mar Egeu ao largo da costa da Ásia Menor, mas que se mudou para Crotona, no sul da Itália, onde fundou um culto e uma escola. Heráclito menciona Pitágoras – um tanto grosseiramente, tal como era seu costume no tocante a outros grandes pensadores. Pitágoras, sua escola, era protegido por regras de sigilo, e o culto religioso, no qual Pitágoras era líder e profeta, pautado por normas, algumas das quais tinham muito em comum com os tabus de outras sociedades. Havia um respeito geral pela santidade da vida e a aceitação da doutrina de transmigração da alma. Mas era também uma escola que se interessava por doutrinas e indagações de autêntico interesse intelectual. Enfatizava principalmente a matemática – a aritmética, interpretada como uma investigação dos tipos de números, a geometria interpretada como investigação da formulação métrica das formas, a harmonia interpretada como investigação da formulação de intervalos musicais. Pensava-se que os números eram derivados de unidades, que podiam ser em si mesmas identificadas com os pontos, ou seixos, usados na contagem, de modo que havia uma transição fácil da aritmética para a geometria, que podia ser em si mesma interpretada como dizendo respeito às razões entre comprimentos Como quer que seja, diz Aristóteles que alguns pitagóricos dispunham todas suas idéias fundamentais em colunas paralelas de opostos, começando com “limitado/ilimitado”, descendo para “ímpar/par”, “um/muitos”, “direito-esquerda”, “homem/mulher”, “em repouso/em movimento”, “reto/torto”, “claro/escuro”, “bom/mau”, até “quadrado/oblongo. Embora os pitagóricos se interessassem claramente pelas propriedades estruturais do mundo, e menos, ou não absolutamente, pelas propriedades dinâmicas que se revelam na mudança, é claro também que eles vieram a compreender que estruturas simples, racionais, não eram suficientes. O mundo não é todo bom, todo racional, todo perfeito. Portanto, em sala de aula ficou conscientizado que o período pré-socrático se buscava através do pensar descobrir as origens e respostas dos problemas cosmológicos, onde o homem buscava entender os fatos fora de si.
Os sofistas e Sócrates
A ética propriamente dita começou com Sócrates, embora os sofistas lhe tenham dado um estímulo importante. Isto a despeito do fato de que Sócrates, a julgar pelas indicações que nos dá Platão, se opunha a eles. Para seus contemporâneos, de qualquer maneira, eles provavelmente pareciam mais próximos a ele do que nos parece hoje. Os sofistas eram mestres ambulantes que davam cursos ou aulas individuais sobre vários assuntos e cobravam por esse privilégio. Sócrates censurava-os porque achava que eles alegavam fornecer mais do que realmente davam. Em especial, alegava que eles diziam que podiam ensinar virtude ao homem e achava que não faziam nada disso.Sócrates vive, e como vive, nas páginas de Platão, que era ainda jovem quando o conheceu. Há também descrições de Sócrates em obras de Aristóteles e outros autores, mas nenhum deles, com a possível exceção de Xenofonte, o historiador, foi testemunha de vista do Sócrates platônico. Sócrates foi com certeza a principal fonte de Platão neste particular, embora tenham sido múltiplas as influências que sofreu. É impossível acreditar, contudo, que tudo que é posto na boca de Sócrates nos diálogos tenha sido dito ou sustentado por ele, embora seja provável que, nos primeiros diálogos, haja uma relação mais estreita com as opiniões reais de Sócrates do que nos últimos e bem platônicos diálogos. Sócrates, o homem, nascido em 470 a.C., foi executado em 399 a.C., quando Atenas perdeu a Guerra do Peloponeso contra Esparta e pouco depois do restabelecimento da democracia com a derrubada da oligarquia que tomara o poder ao fim da guerra. Acusado de impiedade em 399, no curso do julgamento, no entanto, mudou-se a acusação para corrupção da juventude. A acusação exigiu a pena de morte e os juízes, talvez irritados com a sugestão de Sócrates de que uma pena apropriada seria sua manutenção gratuita pelo Estado (sugestão que mais tarde mudou para multa), concederam-na. A defesa de Sócrates não diminuiu sua coragem em defender suas idéias. No Fédon, Platão conta a história do alegado último dia de Sócrates, durante o qual transcorre uma discussão entre ele e vários amigos e colegas filósofos, principalmente pitagóricos, sobre a imortalidade da alma. (Platão não compareceu, segundo se diz, por motivo de doença.) Ao fim da discussão, o carrasco traz a cicuta que, naturalmente, tinha que ser tomada pelo próprio condenado. Sócrates bebeu-a e morreu, tendo suas últimas palavras sido as seguintes: “Crífton, devemos um galo a Asclépio. Faça isso e não esqueça.” Asclépio era o deus da cura e a significação exata dessas palavras tem sido matéria de considerável debate. Sócrates não provinha das camadas mais altas da sociedade ateniense. Embora cidadão, sua mãe era parteira, e a esposa, mostrada como uma vendedora de verduras. Ele alegava ouvir uma voz interior. Sócrates era um questionador dos costumes, modos de comportamento e crenças aceitos, que os conservadores, de qualquer maneira, não conseguiam engolir. Em primeiro lugar, empregava a ironia, ou falsa modéstia, dizendo que embora os demais pensassem que sabiam das coisas, “ele mesmo nada sabia”. Sócrates era o homem mais sábio da Grécia. Sócrates, confuso com essa avaliação de sua pessoa, chegou finalmente à conclusão de que o deus dissera isso porque, enquanto ele mesmo sabia que nada sabia, outros pensavam que sabiam das coisas e isto não acontecia.Em uma de suas principais doutrinas, Sócrates declara que a “virtude é conhecimento”. Muitas das coisas constantes dos diálogos de Platão sugerem que ele pode ter pensado que virtude era superioridade na vida e que interpretava isso em termos de habilidades, com base em analogia com vários ofícios específicos. Habilidade, contudo, devia ser diferenciada radicalmente do mero jeito e Sócrates defendia veementemente essa opinião contra a alegação de Górgias, em nome da retórica, no diálogo desse nome. Platão freqüentemente ligava conhecimento e habilidade à idéia de um logos. Essa palavra grega, muito usada e altamente ambígua, significa nesse contexto algo como “princípio”, de modo que a implicação é que a habilidade propriamente dita pressupõe conhecimento. O principal argumento que Sócrates é levado a argüir contra Górgias, é que a retórica, não é arte fundamental, é que a mesma não se preocupa com as coisas sérias da vida. E conhecimento, diz Sócrates, tem essa preocupação. Sócrates manifesta profundo interesse pela busca do conhecimento, pois o que levou a fazer apologia do seu pensamento estava inscrita sobre o templo de Delfos – “Conhece-te a ti mesmo”. Parece claro que Sócrates provavelmente não teria considerado alguma coisa como conhecimento a menos que tivesse relação com conhecimento de si mesmo, e esta opinião combina com o que Kierkegaard consideraria mais tarde tão importante nele. Torna-o um profeta da introspecção e da preocupação com o ser real do indivíduo. Isto, porém, não é tudo o que Platão aparentemente nele viu. Outra interpretação da história sobre o oráculo de Delfos é que, para adquirir virtude, o indivíduo deve livrar-se dos preconceitos e presunções sobre o que sabe. E era isto o que evidentemente o homem comum não conseguia fazer. Cabe pensar que Sócrates não pensou que eram possíveis definições completas das virtudes morais e através de regras definidas para orientar a conduta. De nada adianta procurar regras ou princípios pautadores de conduta. De maior importância, e de eficácia maior, é olhar dentro de si mesmo com o objetivo de adquirir bom caráter, de formar uma grande alma. Outra doutrina de Sócrates exposta é a de que a fraqueza de caráter (akrasia) é impossível. Se um homem é levado pelas paixões a fazer aquilo que aparentemente sabe que não deve fazer, ele, para começar, não deve ter realmente possuído esse conhecimento. O conhecimento não pode ser arrastado de um lado para o outro, como se fosse um escravo, pelas paixões. Portanto, as pessoas não podem fazer o que sabem que não devem fazer. Essa doutrina combina com a preeminência dada ao conhecimento em relação à virtude. Se virtude é conhecimento, então se o indivíduo realmente sabe, ele não pode fracassar em virtude, quaisquer que sejam suas paixões. De modo geral, o Sócrates platônico adota também opinião austera no lugar do prazer na vida moral. Como quer que seja, a imagem que emerge dos diálogos platônicos é de um homem estranho e feio, provocando as pessoas que encontra e colocando-as em posição na qual fazem alegações variadas sobre virtudes. O método socrático de contestar essas alegações assume a forma de rigoroso interrogatório, no qual, via de regra, Sócrates toma a palavra enquanto os interlocutores se limitam a responder “Sim” ou “Não”. O objetivo de Sócrates, no entanto, é submeter a teste suas alegações. Diz Aristóteles que duas coisas podem ser, com justiça, atribuídas a Sócrates, definições gerais e argumentos indutivos. Portanto, ficou conscientizado em sala de aula que nesse período socrático o pensamento buscava respostas para os problemas metafísicos, onde Sócrates se destaca por questionar e pensar para dentro de si.
O período histórico Medieval
É impossível estudar a filosofia da denominada Idade Média como se faz com a de qualquer outro período. Estamos na verdade interessados em um período que durou dez séculos ou mais. Nesse período. Mas há ainda dois pontos a serem destacados a esse respeito. Em primeiro lugar, foi de muitas maneiras um período voltado para o passado, na direção dos gigantes da filosofia grega, isso em uma época em que o conhecimento do idioma grego praticamente desaparecera do Ocidente. O hábito de produzir comentários sobre a filosofia grega persistiu, no Mediterrâneo oriental, durante séculos. De lá passou aos árabes e, através deles, voltou finalmente à Europa. Platão era em geral encarado através de olhos neoplatônicos e, inicialmente, exerceu a maior influência sobre os filósofos cristãos. Em segundo lugar, conforme já indicamos, a filosofia tornou-se subordinada ao cristianismo. Não queremos dizer que não se possa fazer uma distinção entre filosofia e teologia, ou entre razão e fé. Na verdade, a questão da relação entre as duas teve um papel a desempenhar no debate. A filosofia não ocupava mais uma posição independente. Ela era estudada principalmente por pessoas que eram também teólogos, figuras fundamentais na história da Cristandade. Grande parte da filosofia medieval Cristã é especialmente visível em santo Agostinho e em alguns dos outros primeiros filósofos do período. Muitos souberam ajustar a filosofia ao cristianismo, aproveitando-a para expor a fé cristã. Destacamos Agostinho de Hipona na história da filosofia grega. Nascido em 354 d.C. e falecido em 430, Agostinho, precedeu em muito aqueles filósofos neoplatônicos que tentaram continuar suas atividades quando o imperador Justiniano fechou as escolas filosóficas no Império. Além do mais, a conversão de Agostinho ao cristianismo ortodoxo, vindo do maniqueísmo, ocorreu principalmente em conseqüência da leitura de obras neoplatônicas em uma forma cristã. Grande parte de sua obra é religioso e não é raro encontrar nela o que ocorre em suas Confissões, onde um estudo do tempo e de suas relações com a eternidade corre no curso de uma oração e louvor a Deus. Há também abundância de referências à Bíblia e ao pensamento religioso em geral. Embora sua mãe, Mônica, fosse cristã, ele julgou inicialmente essa fé insatisfatória. Tornou-se professor de retórica em Cartago, embora alegue no Confissões (escrito à idade de 44 anos) que se interessou pela primeira vez pela filosofia à idade de 18 anos após ler obras de Cícero. Para desgosto da mãe, ingressou na seita maniqueísta, mas aos poucos se desiludiu com ela. Ensinou retórica em Roma e em Milão. Nesta última cidade, teve oportunidade de escutar as prédicas de Ambrósio, o bispo na ocasião. Esses fatos, combinados com a leitura de obras neoplatônicas, resultaram em sua conversão ao cristianismo e em seu ingresso na Igreja. Agostinho começa a trazer através da filosofia e da teologia teses. A criação de Deus, mesmo que não temporal estritamente falando, é absoluta. Como, então, pode haver fenômenos no mundo? Como pode haver mesmo a seqüência de eventos implícitos na história da Bíblia sobre a criação, segundo a qual as coisas aconteceram em dias sucessivos? A fim de lidar com essas objeções, Agostinho recorre à doutrina da causas, que tem algo em comum com a idéia estóica de princípios seminais. O mundo foi criado de tal maneira que haveria nele sementes de fenômenos futuros, se as condições fossem apropriadas. Isto parece implicar uma visão determinista das coisas. Agostinho, não obstante, acreditava que os seres humanos dispõem de livre-arbítrio. O homem fora criado com o objetivo de atingir a felicidade na visão e identificação com Deus. Os seres humanos têm vários impulsos, que Agostinho denomina de “amores”, mas estes são complexos, e o que os homens fazem não é determinado por sua natureza, como no caso de meras coisas físicas. Eles podem, por conseguinte, resolver não buscar Deus e, assim, não atingir a verdadeira felicidade. O mal, como no caso dos neoplatônicos, é a ausência do bem, a incapacidade de alcançar aquele bem que o homem pode na verdade atingir. Nada disto é muito satisfatório do ponto de vista teórico e a dificuldade resulta da tentativa frustrada de conciliar princípios cristãos com uma doutrina derivada do neoplatonismo. Na opinião de Agostinho sobre o papel do estado e da sociedade. Durante a maior parte de sua vida, ele tendeu a aceitar a sociedade, da forma organizada sob o Império Romano, como apenas uma das facetas da vida humana. O estado existia apenas para promover o bem-estar do indivíduo através de uma ordem social, desde que o objetivo primário do indivíduo é algo que implica apenas ele e Deus. A cidade de Deus, escrito perto do fim de sua vida, apresenta uma divisão mais nítida entre o que ele chama de as cidades celestial e terrena, a cidade de Deus e a cidade da Babilônia. Elas constituem extremos, a primeira destinada àqueles que alcançarão a glória com Deus, a outra aos que terão o contrário. A cidade de Deus, oferece uma visão de algo que realmente não existe na terra. O que de fato existe é uma espécie de meio-termo entre as duas cidades a fim de manter a ordem e o bem-estar material. A visão de sociedade e organização política de Agostinho é, portanto, minimizadora e o ideal da Cidade de Deus implicava uma espécie de separação entre Igreja e Estado, da forma como eram as coisas no Império Romano de seu tempo.

O período histórico Moderna
Jean Jacques Rousseau : um dos principais filósofos do iluminismo Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade. Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. A apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII, e, este, passou a ser conhecido como o Século das Luzes. O Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Também teve influência em outros movimentos sociais como na independência das colônias inglesas na América do Norte e na Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil. Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porém, era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos a felicidade comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra as imposições de caráter religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além dos privilégios dados a nobreza e ao clero. Os burgueses foram os principais interessados nesta filosofia, pois, apesar do dinheiro que possuíam, eles não tinham poder em questões políticas devido a sua forma participação limitada. Naquele período, o Antigo Regime ainda vigorava na França, e, nesta forma de governo, o rei detinha todos os poderes. Uma outra forma de impedimento aos burgueses eram as práticas mercantilistas, onde, o governo interferia ainda nas questões econômicas. No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte forma: Em primeiro lugar vinha o clero, em segundo a nobreza, em terceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do campo. Com o fim deste poder, os burgueses tiveram liberdade comercial para ampliar significativamente seus negócios, uma vez que, com o fim do absolutismo, foram tirados não só os privilégios de poucos (clero e nobreza), como também, as práticas mercantilistas que impediam a expansão comercial para a classe burguesa. .


O período histórico Contemporâneo
Nega-se algumas vezes que Karl Marx (1818-83) tenha sido um filósofo ou, de qualquer maneira, uma grande figura na filosofia. Não se pode negar, no entanto, que suas idéias foram imensamente influentes tanto política como filosoficamente. Muitas das obras de Marx, em especial em seu último O Capital e o anterior, Para a crítica da economia política, iniciado em 1857 como um esboço do qual foi extraído o Contribuições para uma crítica da economia política, de 1859. A opinião corrente parece enfatizar a continuidade de seu pensamento filosófico, o qual, embora não hegeliano, foi profundamente influenciado por Hegel. A ideologia alemã, escrito em colaboração com Friedrich Engels (1820-95), e o Manuscritos econômicos e filosóficos de 1844 Marx e Engels colaboraram ainda no Manifesto comunista, de 1848. Marx nasceu na Alemanha, estudou direito na Universidade de Bonn, mas logo se transferiu para Berlim, onde se dedicou à filosofia e ligou-se aos chamados “Jovens Hegelianos”, um grupo que incluiu, a intervalos, Ludwig Feuerbach (1804-72), Max Stirner (1806-56) e Engels, e era liderado na época por um conferencista, Bruno Bauer. Marx mudou-se em seguida para Colônia, onde editou a Rheinische Zeitung, publicação fechada pelas autoridades em 1843. Transferiu-se depois para Paris, onde permaneceu até 1845, fortemente envolvido com idéias socialistas, e iniciou sua colaboração e amizade com Engels. Finalmente expulso de Paris, chegou a Bruxelas, onde se tornou um dos líderes da Liga Comunista. Após uma curta estada na Alemanha, seguiu com esposa e filhos para Londres, onde permaneceu durante o resto da vida, trabalhando, como todos sabem, na sala de leitura do Museu Britânico. Os Jovens Hegelianos com quem se ligou em Berlim formavam um grupo político radical, embora estivessem todos interessados em reinterpretar Hegel em um espírito menos místico. Feuerbach pensava que o hegelianismo era a expressão racional do cristianismo, embora interpretasse ambos de maneira inortodoxa. No A essência do cristianismo (1841) sustentou que a religião, pelo menos em sua forma cristã, diz respeito à relação do homem com sua própria natureza, ou espécie, embora esta natureza seja considerada como algo externo. Na verdade, todos os atributos de Deus são também da natureza, ou espécie, humana, e o conhecimento de Deus é realmente uma forma de conhecimento de si mesmo pelo homem. O homem projeta seus pensamentos e sentimentos sobre si mesmo em um objeto externo, que ele chama de Deus. O estudo apropriado da teologia devia ser, na verdade, a antropologia, que envolve a observação dos homens e não apenas um exercício de razão. O que Hegel considerava como a consciência de Deus (ou o Espírito Absoluto) de si mesmo, era realmente, a própria consciência de si mesmo do homem, considerada como consciência de sua natureza essencial. Isto é, na verdade, uma interpretação materialista de Hegel. Marx, porém, acabou por criticar Feuerbach, a despeito de uma primeira reação entusiástica ao que ele dissera sobre religião, sobre o fundamento de que o materialismo não era dialético – o que quer dizer que não assumiu uma apropriada visão histórica. No seu “Teses sobre Feuerbach” (1845), criticou-o por pensar na essência do homem como uma abstração e por não perceber que ela é, na verdade, a “totalidade das relações sociais”. Feuerbach fora, em conseqüência, obrigado a “ignorar o processo histórico”. Insistiu ainda que Feuerbach não conseguira ver o mundo sensível como “atividade sensorial humana, prática” e terminou com a famosa observação de que “os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras. O importante é mudá-lo”. Marx criticou e expôs uma idéia nietzscheana do ego livre e independente, que cria a si mesmo e a seus pensamentos. O que importa para o ego, e a única coisa que importa, é aquilo de que pode apropriar-se. O indivíduo é, assim, único: “Eu não desenvolvo o homem, não como homem, mas como eu, eu desenvolvo a mim mesmo”. Marx criticou esse egoísmo, que considerou como produto de uma sociedade burguesa, e atacou também Stirner por não reconhecer esse fato e por supor que são as idéias do ego que determinam as coisas, e não as relações históricas reais. As idéias, disse ele, são determinadas e alteradas pela vida e isso significa pelos modos da produção material e pelo intercâmbio material. Em tudo isso, ele está alegando que os Jovens Hegelianos não vão suficientemente longe em seu materialismo. O importante a ser conservado da obra de Hegel é o enfocar a dialética, e nisto os Jovens Hegelianos ficaram aquém do desejado. Através de seu trabalho, a natureza é por assim dizer construída, de modo que ela se manifesta como seu trabalho e sua realidade. A segunda fase envolve alienação de si mesmo e de sua “espécie-vida”, e isso significa que o homem se aliena também dos outros homens e que “todos os outros, de idêntica maneira, se alienam da vida humana”. A “espécie-vida” do homem torna-se apenas um meio de existência física. O resultado é a propriedade privada, que constitui a expressão da alienação do homem. Através dela, objetos adquirem um valor independente do que os homens neles puseram com seu trabalho. Ocorre um processo de externalização da consciência, de modo que aquilo que o homem é projeta-se nos objetos. Daí a idéia de alienação. Através da alienação de si mesmo, dessa maneira, o homem aliena-se dos outros e torna-se um objeto para eles. Esta é a negação da primeira fase, ou momento, da consciência. A terceira fase – uma negação da negação, em termos hegelianos – é o comunismo. Nele há a abolição da instituição da propriedade. Inicialmente, poderá haver uma simples universalização da propriedade no sentido em que se considera que as coisas pertencem a todos. Finalmente, contudo, ocorre á abolição completa da propriedade e, desse modo, há integração completa entre coisas e necessidades humanas. Dessa maneira, pensa Marx, desmoronam as barreiras entre um homem e outro. Da maneira como descrevemos isso, parece haver uma fusão entre as fases “dialéticas” da consciência e consciência de si e as fases históricas na existência humana. Isto acontece porque Marx não interpreta a consciência da maneira como o faz Hegel. Para ele, ela já é socializada e material em natureza e falar em consciência é falar como homens tratam os objetos e uns aos outros. Além do mais, a espécie humana que Feuerbach enfatizou é considerada por Marx em termos da idéia de uma espécie-vida, que é uma forma de existência social, na qual os indivíduos se reconhecem como seres sociais e como tendo uma maneira socialmente determinada de existência. Tudo o que importa para os seres humanos é sua espécie-vida. Isto consiste em trabalhar a natureza inorgânica, ou o mundo objetivo, de uma maneira que diferencia o homem dos animais, que produzem apenas o que é indispensável para suas necessidades imediatas. No trabalho e na produção o homem se duplica, produzindo uma espécie de imagem de si mesmo naquilo que criou. É através disto que “a natureza manifesta-se como seu trabalho e sua realidade”. A ênfase no trabalho e na produção é um aspecto da chamada “teoria do valor do trabalho”. Marx amplia essa teoria no O Capital como parte de uma descrição do capitalismo, embora suas origens estejam no pensamento do período anterior, e na opinião de que, na primeira fase, as coisas são na realidade o que o homem faz delas com seu trabalho. Fazer através do trabalho é o que corresponde, na teoria de Marx, aos processos ativos da consciência em tornar realidade o que é dado na obra de Hegel. Trata-se de uma versão socializada e materializada do idealismo e é importante que este aspecto do pensamento de Marx seja reconhecido. Constitui, na verdade, uma espécie de premissa de seu argumento. A segunda fase, do trabalho alienado ou alienação de si mesmo, surge dos objetos da produção pelo homem. No O Capital, ele diz isso em termos da idéia do “fetichismo das mercadorias”, segundo o qual o fetiche é um objeto inanimado ao qual se atribuem poderes mágicos. A suposição era que esses poderes constituíam uma projeção, sobre um ídolo, das características dos seres humanos que o estabelecem. (A concepção de religião de Feuerbach aproximava-se, na verdade, em muito dessa opinião.) Na opinião de Marx, as mercadorias ganham uma correspondente vida própria e esse papel é visto no dinheiro, pelo qual o valor de uso, transforma-se em valor de troca. Se este é concebido em termos de que algo do ser humano é objetivado em tais objetos, a noção de alienação torna-se clara. Marx entende que isso ocorre da forma mais extremada na instituição da propriedade. Além do mais, acha que nessa forma de alienação os homens se alienam uns dos outros. Transformam-se em meios recíprocos porque eles, também, transformaram-se em propriedade a ser comprada e vendida por dinheiro. Fala-se com grande convicção do papel corruptor do dinheiro neste particular. É a “essência alienada do trabalho e do ser do homem” e domina-o enquanto ele a adora.A fase final deve ser aquela em que há identidade entre a espécie-vida do homem, considerado como ser social, e a natureza. Nesse caso, a existência natural do homem torna-se uma existência humana e a natureza torna-se também humana. Não é fácil compreender, embora seja mais fácil de entender, mesmo que não para aceitar, a crença de Marx de que, nesse estado de coisas, surge uma comunidade autêntica, sem exploração sob qualquer forma. Neste caso, a propriedade é abolida, o que acontece também com o Estado. Marx veio a acreditar que tal coisa era inevitável porque o capitalismo possui uma incoerência inerente, e, assim, encerra as sementes de sua própria destruição. Ela não ocorrerá, contudo, sem uma revolução violenta. Em primeiro lugar, deverá instalar-se a ditadura do proletariado, mas, subseqüentemente, o Estado murchará e surgirá o verdadeiro comunismo. Isto veio a ser chamado de “materialismo dialético” e tornou-se a ortodoxia marxista. É uma teoria supostamente científica, segundo a qual o desenvolvimento ao longo de princípios marxistas é inevitável. Permanece esse tanto da idéia hegeliana de dialética. É também no contexto dessa teoria que ele estabelece a distinção entre base e superestrutura. Na verdade, contudo, há uma inevitável tensão no pensamento marxista, exatamente porque o idealismo é, de fato, materialista. Marx diz: “Os homens são os produtores de suas concepções, idéias, homens reais, ativos, na medida em que são condicionados por fenômenos definidos de suas forças produtivas e pelo intercâmbio correspondente a elas, até suas formas finais”.


Pr.Israel Jordão.


Referência Bibliográfica


* GEISLER, Norman e FEINBERG, Paul. Introdução a Filosofia, 1edição.
2ª impressão. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. – 1989.

* APOSTILA, Centro de Estudos Teológicos. História da Filosofia,
Recife. 2006.

*ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da Filosofia na Educação,
São Paulo. Moderna. 2000.

* www.mundodosfilosofos.com.br. (Indicação do Professor Fábio Correia).
Recife. Março, 2006






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