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A COSMOVISÃO DE LIDERANÇA
A visão do mundo acerca de liderança é diferente da visão que Jesus Cristo ensinou e praticou dentro do reino de Deus. Os líderes no mundo podem surgir naturalmente de dentro de um grupo ou por indicação formal. Na visão secular, o líder procura administrar seus liderados com poder e autoridade. Sua capacidade de influenciar, sua formação intelectual é fundamental em nossos dias para que o sucesso seja garantido. Levando minha filha ao hospital em uma das paradas no sinal, fui abordado por uma jovem que me ofereceu gratuitamente um fold relativo a um Seminário de Liderança, que tinha como temas do Wokshop as seguintes palestras : “Como liderar e formar uma equipe de campeões” e “Conheça os segredos do sucesso em liderança de equipes”. O mundo secular investe massivamente para que na competitividade contemporânea líderes sejam levantados, capacitados altamente como exige o sistema. Todavia, na palavra de Deus, encontramos Jesus formando doze líderes, trazendo para eles um seminário de liderança com uma proposta muito diferente. O tema de Jesus era: “Seja diferente, e faça diferença”. Que diferença seria essa? “Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós...” Mateus 20: 25 e 26. “Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que sirva e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” Marcos 10:43 e 44. Jesus mostra que a liderança é uma oportunidade para servir e não ser servido. Ser líder cristão é ser servo (diakono) é ser escravo (doulos). Jesus ensinou e deu exemplo na vida prática de que a liderança cristã precisava entender e absorver que ser líder é ser capaz de cuidar, servir e considerar os liderados superiores a si mesmo. Imaginemos aquele grupo de discípulos terem que desenvolver uma formação de serem no futuro servos de outros. Para um Judeu ser levantado como líder e ter uma postura de escravo seria um insulto. A liderança cristã seria exercida por lideres-servos. No antigo testamento temos a mesma teologia, pois Moisés é um líder chamado de servo. Êxodo 14: 31 diz: “Moisés meu servo...” o que é compreendido por Paulo que chama o líder Timóteo de “servo do Senhor”. 2 Timóteo 2:24. A proposta Escriturística é vermos líderes cristãos servos para guiar, orientar, cuidar, incentivar e não dominar e subjugar. Servir é uma honra, um privilégio que um líder cristão pode exercer. A liderança genuína é fruto de uma nomeação divina e quando existe uma participação por escolha como no sistema congregacional é feito por oração, ou seja, busca-se a vontade de Deus. João 15:16; Marcos 3:13. Esta vocação tem preço, custa trabalho é ter consciência de que o caminho de serviço trará sofrimento. O apóstolo Paulo fala que o desafio de um servo é saber ser firme, inabalável e abundante na obra do senhor, sabendo que não é vão. A visão que o apóstolo Paulo passa é que o trabalho no reino de Deus vai exigir muito esforço o que trará fadiga. Querer evitar esse “destino” é impossível. Em Hebreus 11: 35 a 37, temos uma narrativa de servos líderes que se dedicaram com sacrifício muitas vezes, mas que não negaram seu chamado e fizeram com dedicação até a morte. Quando Júlio César, saiu para conquistar a Inglaterra, fez os soldados atravessar o Canal da Mancha, destruiu todos os barcos e deu esta voz de comando: "Vencer ou morrer". No nosso cantor cristão (batista) tem um hino que diz; “Com valor sem temor, Por Cristo prontos a sofrer, Bem alto erguei o seu pendão, Firmes sempre até morrer”. Precisamos de líderes corajosos como Jesus que não desistem até a vitória completa sobre as hostes espirituais da maldade para a libertação de vidas para o Reino de Deus. Para Jesus, o caminho da glória passa pela cruz; os discípulos queriam a glória sem a cruz. O pedido de posições honrosas no Reino de Cristo foi feito por dois apóstolos depois de Jesus ter falado aos doze sobre a cruz; Marcos 10.32, 35-37. No Evangelho de Mateus, o pedido foi feito através da mãe; Mateus 20.20-21. Toda a família estava envolvida. O diabo tentou desviar Jesus do caminho da cruz, oferecendo-lhe a glória e o poder dos reinos deste mundo, Mateus 4.8-10. Ele continua tentando hoje os discípulos de Jesus. Como Jesus venceu, podemos ser vitoriosos nele. Somos exortados a ter a mesma atitude de Cristo que foi obediente até ao sacrifício, Filipenses 2.5-8. Para que fosse glorificado pelo Pai, Filipenses 2.9-11. Precisamos de líderes que estejam mortos para a carne, para o mundo, para as ambições terrenas para que possam conduzir o povo de Deus para uma genuína espiritualidade. A teologia de liderança deixada pelo Senhor Jesus Cristo e revelada pela palavra sagrada é ser exemplo aos fiéis, no trato, na palavra e na fé. 1Timóteo 4: 12. A liderança cristã não tem sua composição e base na formação natural, mas na formação espiritual.
ESTILO DE LIDERANÇA
Observemos os contrastes entre o modelo e o estilo de liderança de Jesus e as expectativas dos discípulos quanto à função que teriam como líderes. Jesus também nos ensina com amor e paciência. Jesus ia sempre adiante dos discípulos; Mc 10.32. O líder vai sempre na frente dos seus liderados. Sabe aonde quer chegar e tenta conseguir regimentar pessoas para que o acompanhem. É assim que o Pastor conduz as ovelhas; João 10.2-4. Jesus caminhava para Jerusalém, sabendo que sofrimentos o esperavam; Lucas 9.51-53. Marcos 10.33-34. Como os discípulos já tinham sido anteriormente avisados pelo Mestre sobre o que o esperava em Jerusalém; Marcos 8.31; Marcos 9.31. Eles o seguiam admirados e cheios de medo, de apreensões. Essa atitude dos discípulos contrasta com a do Mestre. O verdadeiro líder é aquele que não recua diante das dificuldades e do alto preço que tem de pagar para cumprir completamente a sua missão. O estilo do líder cristão tem muito haver com a personalidade e o caráter de cada servo líder, pois a maneira como desempenhamos nossa função no corpo de Cristo, igreja estará demonstrando quem somos. No conceito secular de administração de empresas e na administração organizacional eclesiástica, tem como objetivo influenciar pessoas a cooperar com dedicação nos projetos a serem alcançados. Todavia encontramos pelo menos três estilos de liderança.
Liderança Autocrata.
È visto como aquele que não se importa o que seus liderados pensam apenas os ver como simples liderados que precisam executar suas ordem e idéias. O que gera nos liderados um comportamento cheio de insatisfação, frustração e jugo, isso porque o líder denominado autocrata geralmente demonstra ser irritável, bruto, individualista e egoísta. Que liderados podem se sentir motivados e satisfeitos em cumprir tarefas com um líder que só sabe cobrar e exigir? . No seu livro “Administração, Teoria, Processo e Prática” Idalberto Chiavenato traz um exemplo de um grupo liderado por esse estilo de líder e o que aconteceu? Primeiro o grupo só trabalhava quando esse líder estava presente, na sua ausência o grupo parava de trabalhar; Segundo, o grupo guardava no coração sentimentos reprimidos, chegando a refletir indisciplina e rebeldia; Terceiro, quando o grupo realizava as tarefas, fazia sem ter o desejo de dar o melhor que podia. Não é também assim na igreja? Muitos liderados estão desanimados, não porque não querem trabalhar, mas porque não agüentam esse estilo de líder.
Liderança Liberal
O estilo do líder liberal é aquele que não tenta avaliar ou regular o que esta se processando. Não gosta de acompanhar, gerenciar e receber prestação de contas dos seus liderados. Geralmente demonstra-se inseguro, e passa essa insegurança para os seus liderados. Sua participação no grupo diz Chiavenato, “É de absoluta falta de participação”. Isso gera falta de obediência e respeito dos liderados para com o líder liberal.
Liderança Democrática
Esse estilo de líder cristão demonstra geralmente ter segurança em si, procurando mostrar que seu objetivo é trabalhar em equipe. Para isso o líder democrata pede opinião, realiza reuniões de planejamento e divisão de tarefas de acordo com a possibilidade e personalidade de cada um. Busca operacionalizar a missão de acordo com a disposição e participação de seu liderados. É um líder que dá exemplo, motiva e honra os seus liderados. Qual desses estilos tem mais semelhança com os critérios bíblicos? Como desenvolver a capacidade do estilo democrático que no meu entender e praticar o que mais se aproxima dos princípios e valores bíblicos.

DESAFIOS PARA A LIDERANÇA CRISTÃ
É fundamental que no processo do ministério de liderar, na igreja, a liderança cristã precisa buscar crescer no conhecimento e na graça como desenvolver um governo que gere uma equipe coesa e determinada nos objetivos a serem alcançados. No mundo contemporâneo será importante que a liderança cristã perceba os novos desafios do humanismo, do pragmatismo, do secularismo e do ativismo, que tem surgido e que precisa ser administrado com sabedoria, doutrina bíblica e disciplina. Formar uma liderança hoje que seja compatível às demandas desse mundo pós-moderno é preciso e necessário. O exemplo deixado por Jesus, precisa ser resgatado, pois formar e liderar uma equipe precisa tempo, capacitação, tratamento de caráter e principalmente doutrina bíblica. A liderança deve ser abrangente, às vezes sistemática e permanentemente integrada com o líder nas realizações dos projetos, propósitos estabelecidos para o crescimento do reino de Deus. O Critério de avaliação que o líder deve ter com seus liderados é importante, isso porque a avaliação, seja ela formativa ou prestações de contas, vai não determinar o sucesso ou o fracasso da missão, mas revelar as condições e capacidade de cada um dos liderados. Acompanhar a liderança é tão fundamental quanto planejar com ela, pois teremos definições dos limites, dificuldades que o grupo tem ou pode passar. Os desafios principais para a liderança cristã nesses dias são: Primeiro, ser competente, saber como lidar com as situações envolvidas e aquilo que vai executar; Segundo, ter determinação, desempenho, é no envolvimento, na participação, na dedicação que saberemos quem tem tido o coração na obra; Terceiro, ter coerência, tem muito haver com a identidade, integridade em ser servo, amante de gente, amante das idéias de Deus sem perder as responsabilidades familiar, secular, escolar, profissional e etc. O mundo contemporâneo tem buscado formar gente para o sucesso, para conquistar, isso tem mostrado que como servos de Deus não podemos continuar sendo vistos como líderes sem propósitos e sem capacidade e despreparados espiritualmente, academicamente e psicologicamente. A liderança cristã precisa ter objetivos claros e específicos, ter consciência da vontade Deus para a edificação e crescimento da igreja, fazendo com que, se for preciso, morrer por elas. Procurar envolver o maior número possível de pessoas nas atividades, na visão e na missão que está no coração de Deus. Isso vai contribuir que o envolvimento de outras pessoas gere motivação e uma sinergia que ajudará a suprir obstáculos e alcançar objetivos mais rápidos. A eficiência do líder deve ser sempre, pois, desde do planejamento no estabelecimento de objetivos, de metas a serem alcançadas o líder deve procurar operacionalizar com determinação, chamando seus liderados à responsabilidade e compromisso para que todos se sintam honrados em trabalhar em equipe. O Pr. Walter santos Baptista, nos traz na apostila uma reflexão que nos desafia a repensarmos como anda a vida ética, e moral de muitos líderes cristãos que estão à frente de ministérios e trabalhos no reino de Deus que vivem uma vida sem exemplo, em uma crise de integridade. O apóstolo Paulo diz que “não se envergonhava do evangelho”, porém, quantos líderes cristãos vem sendo a vergonha do evangelho por falta de integridade. É desafiador para a liderança cristã viver uma vida de santidade , de honestidade, de exemplo em meio ao mundo cheio de relatividade. Agora, mais do que nunca, o mundo quer ver, quer comprovar através de nossas atitudes, palavras, compromissos e assim definir nossa reputação. A liderança cristã, precisa também rever o que Charles Spurgeon já previa em seu tempo em relação ao púlpito e ao altar. Hoje temos uma liturgia muito mais voltada para espetáculos, onde o antropocentrismo tem sido a tônica. Os estilos de cultos são diferentes, quando não históricos, são contemporâneos, isso porque o mundo moderno tem imprimido e pressionado as igrejas a buscarem mudanças, modismos e esquecemos que precisamos estar abertos para coisas novas que Deus pode e quer fazer, porém nunca perder de vista que existem princípios estabelecidos por Deus que são inalteráveis como ELE é. É preciso compreender que Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores tinha razão ao descrever que o púlpito é um lugar sagrado e santo a baixo do céus, que precisa ser respeitado ao ponto de não subir neles gente que não corresponde com a mensagem verdadeira do evangelho. Spurgeon nos adverte ainda como líderes cristãos que devemos muito cuidado para não deixarmos de alimentar as ovelhas para entreter bodes. O desafio é grande, mas não maior do que o que Deus quer fazer através de nós, líderes cristãos para esse século e esta geração.
CONCLUSÃO
O máximo que uma pessoa cheia do Espírito pode alcançar é ser como Jesus. Jesus é o modelo não apenas de uma pessoa cheia do Espírito, mas também ele é o modelo de liderança. Os líderes cristãos vivem e agem no Espírito de Cristo. O máximo que um líder cristão pode alcançar é ser igual a Jesus! Este é um desafio permanente para o líder. Os servos do Senhor, que exercem funções de liderança na igreja, são chamados pelo Espírito Santo, confirmados e enviados pela igreja e usados por Deus no poder do Espírito Santo! A Igreja confirma o chamado pela eleição e imposição de mãos. Por isso, o conhecimento da natureza da liderança cristã, segundo o modelo que temos em Jesus, é importante para nos ajudar como Igreja na escolha e comissiona os seus líderes. Todos nós somos servos, 1 Pedro 4.10. Podendo ser chamados para exercer funções no Corpo Cristo; Romanos 1.1. Num certo sentido, todos nós também somos líderes, pois, lideramos e somos liderados em casa, no trabalho, na igreja, na sociedade e etc. As lições do texto, sobre liderança cristã aplicam-se, portanto, a todos nós. A grandeza, o espírito nobreza, se manifesta na disposição de servir. O maior é quem serve. Jesus ensina pelo exemplo; Marcos 10.45. Este ensino tem uma grande sabedoria e pode ser aplicado em todas as áreas da vida. A verdadeira prosperidade vem pelo serviço humilde, honesto, digno e persistente. Alguém já disse que a liderança cristã, segundo o modelo de Jesus, adota o princípio dos quatro ésses(S): Submissão ao Superior e Serviço ao Subordinado. Este é o modelo de Jesus. Apesar das atitudes mesquinhas e inadequadas dos discípulos, Jesus foi tolerante e compassivo com as suas fraquezas. Deixemo-nos moldar pelo divino Mestre para que sejamos preparados para a sua obra. Por certo, o Senhor tem trabalhado na vida de servos, da Igreja, preparando-os para o exercício de funções de liderança. Que o Senhor ilumine a sua Igreja para que possa fazer escolhas acertadas.

Pr.Israel Jordão.


Referências Bibliográficas


Centro de Estudos Teológicos. Liderança cristã. Recife, 2006.

WISEMAN, Neil B. Despertando para um ministério.Tradução- Guilherme Kerr Neto. Editora Mundo Cristão. São Paulo 1996.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração, teoria, processo e prática. 2. ed.
Brasil Artes Gráfica Ltda. São Paulo. 1987.
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