•05:58



*Resumo da Apostila CET. Antropologia Filosófica no período da Reforma.


INTRODUÇÃO
O interesse sobre o homem como objeto de estudo data do século V a.C, quando a reflexão filosófica transfere-se dos temas cosmológicos para os temas do humano. Entretanto, anterior a isso, ele foi objeto de atenção do mito, da literatura, da política e da educação. O estudo da História revela que, desde Hipócrates, temos assistido a passagem de várias teorias sobre o homem. As ciências, as religiões e todas as formas de entender o mundo buscam responder a questão sobre o homem, porém, costumam oferecer respostas, pelos menos em certos pontos, totalmente contraditórias, eis que elas tendem a se excluir umas às outras. A problemática acerca do homem constitui-se em um dos principais temas de estudo da humanidade. O que é o homem trata-se de um problema de antropologia, do questionamento filosófico a respeito do conceito que o homem faz de si mesmo. Na História da Filosofia, existe uma consagrada divisão das concepções de homem no mundo. Podem-se separar os estudos acerca dele em períodos que se caracterizam por um conjunto de idéias que se contradizem entre si. Cada período apresenta um círculo de idéias sobre o homem, e a evolução histórica dessas idéias divide-se, essencialmente, em três fases distintas: a da concepção clássica de homem, ciência grega, a da concepção cristã na Idade Média e a da concepção moderna. O termo homem é utilizado, neste estudo, como sinônimo de ser humano e a expressão concepção como as idéias formadas acerca do ser humano. Antropologia, do grego anthropos, homem e logos, estudo, é a disciplina responsável pela busca do conhecimento do ser humano em sua totalidade, ou seja, suas características biológicas, socioculturais e teológicas. Assim, procuram entender a dimensão do homem, bem como a relação entre os indivíduos e culturas, suas histórias, linguagens, valores, crenças ou costumes; incluindo a origem, a evolução e as ações da humanidade. Então, quem é o homem? A biologia se interessa vê-lo como filho da própria natureza, enfatizando a sua relação no reino animal. No aspecto Sociológico o homem é um ser gregário, que não consegue viver isolado. O Marxismo o vê basicamente como entidade material cuja a euforia e determinação é pela satisfação de seus desejos econômicos e matérias.



Concepção do Homem na Filosofia Antiga, Filosofia Medieval e Filosofia Contemporânea.
Para a concepção clássica, a essência do homem define-se como razão e o centro do pensamento antigo é o cosmo que revela beleza e harmonia na obediência que deuses e homens devem à lei suprema, pois a razão se exerce do alto para baixo, dos deuses para os homens. Essa é a concepção que tem origem em Platão e estende-se até a Idade Média. As raízes da Concepção do homem na cultura grega clássica floresceu nos séculos VIII e VII a.C., o que contribui para à civilização ocidental com suas primeiras e permanentes idéias e valores. A concepção do homem na filosofia antiga tenta harmonizar o homem como ser biológico e político. Todavia a imagem do homem na cultura clássica nos mostra ricas e complexas para se ter uma definição explicita do homem em sua essência. É importante avaliar a reflexão que buscaram definir o homem. O ponto de vista clássico é o resultado primeiramente das concepções platônica, aristotélica e estóica da natureza humana. Este ponto de vista sustenta que a singularidade do homem é constituída por suas faculdades racionais, onde o pensamento e a razão são elementos básicos e necessários. Tanto Platão como Aristóteles, mantinha a convicção da distinção entre a mente do corpo. Para Aristóteles a mente (espírito), que não inclui a alma, é imortal. Uma outra conseqüência da filosofia de Platão e de Aristóteles foi á identificação do corpo com o mal e a mente ou espírito com a bondade essencial. Esta ênfase está em contradição com a doutrina bíblica sobre o homem, que considera o corpo como bom, uma vez que ele é parte da obra criativa de Deus. O estoicismo seguiu a Platão e Aristóteles ao dar ênfase à natureza essencial da razão. O homem deve ser governado por sua razão, e não por impulsos naturais. O estoicismo mantinha uma atitude negativa para com as paixões e impulsos, que resultou na colocação da razão em contraste com os impulsos do corpo. Todas as três filosofias são dualistas, constatando com o espírito e a matéria. A Psicologia de Platão fez do corpo uma prisão da alma.
Período socrático ou antropológico
Século V e todo o século IV a.C. , quando a Filosofia investiga as questões humanas, isto é, a ética, a política e as técnicas, em grego, ântropos quer dizer homem; por isso o período recebeu o nome de antropológico. Quando a Filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a cosmologia e a antropologia, interessando-se sobre tudo em mostrar que tudo pode ser objeto do conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamento e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e da ciência. Nesse longo período, que já alcança Roma e o pensamento dos primeiros Pais da Igreja, a Filosofia se ocupa sobre tudo com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus. Quem é o homem? Essa pergunta vem sendo feita pelo próprio homem através dos séculos, na tentativa de Conhecer a si mesmo. Á medida em que o homem se empenha em transcender às limitações do espaço e do tempo, em superar seus conflitos existências, ele sempre vai ser confrontado pelo mistério do existir. A maior prova que o homem se preocupa com seu existir são os conceitos que vem sendo definidos sobre quem é o homem.
Concepção do Homem na filosofia pré-socrático
Com o desenvolvimento das cidades, do comércio, do artesanato e das artes militares, Atenas tornou-se o centro da vida social, política e cultural da Grécia, vivendo seu período de esplendor. É a época de maior florescimento da democracia. A democracia grega possuía, entre outras, duas características de grande importância para o futuro da Filosofia. Em primeiro lugar, a democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade. Em segundo lugar, e como conseqüência, a democracia, sendo direta e não por eleição de representantes, garantia a todos a participação no governo, e os que dele participavam tinham o direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia, assim, a figura política do cidadão. Devemos observar que estavam excluídos desse direito: mulheres, escravos, crianças, velho e estrangeiros. Ora, para conseguir que a sua opinião fosse aceita nas assembléias, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de persuadir. Com isso, uma mudança profunda vai ocorrer na educação grega. Quando não havia democracia, mas dominavam as famílias aristocráticas, senhores das terras, o poder lhes pertencia. Essas famílias, valendo-se, da posição criaram um padrão de educação, próprio dos aristocratas. Esse padrão afirmava que o homem ideal ou perfeito era o guerreiro belo e bom. Belo: seu corpo era formado pela ginástica, pela dança e pelos jogos de guerra, imitando os heróis da guerra de Tróia, como por exemplo, Aquiles e Heitor. Bom: seu espírito era formado escutando filósofos respeitáveis, aprendendo as virtudes admiradas pelos deuses e praticadas pelos heróis, a principal delas sendo a coragem diante da morte, na guerra. A virtude, era a excelência e superioridade, própria dos melhores. Quando, porém, a democracia se instala e o poder vai sendo retirado dos aristocratas, esse ideal educativo ou pedagógico também vai sendo substituído por outro. Ora, qual é o momento em que o cidadão mais aparece e mais exerce sua cidadania? Quando opina, discute, delibera e vota nas assembléias. Assim, a nova educação estabelece como padrão ideal a formação do bom orador, isto é, aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política. Para dar aos jovens essa educação, substituindo a educação antiga dos poetas, surgiram, na Grécia, os sofistas, que são os primeiros filósofos do período socrático. Que diziam e faziam os sofistas? Diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da cidade. Apresentavam-se como mestres de oratória ou de retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos. Que arte era esta? A arte da persuasão. Os sofistas ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que aprendiam a defender a posição ou opinião numa assembléia, para que soubessem ter fortes argumentos a favor ou contra uma opinião e ganhassem á discussão. O filósofo Sócrates, considerado o patrono da Filosofia, rebelou-se contra os sofistas, dizendo que não eram filósofos, pois não tinham amor pela sabedoria nem respeito pela verdade. Corrompiam o espírito dos jovens, pois faziam o erro e a mentira valerem tanto quanto a verdade. Como homem de seu tempo, Sócrates concordava com os sofistas em um ponto: por um lado, a educação antiga do guerreiro belo e bom já não atendia às exigências da sociedade grega, e, por outro lado, os filósofos cosmologistas defendiam idéias contrárias entre si. Discordando dos antigos poetas, dos antigos filósofos e dos sofistas, o que propunha Sócrates? Propunha que, antes de querer conhecer a Natureza e antes de querer persuadir os outros, cada um deveria primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo. A expressão “conhece-te a ti mesmo” que estava gravada no pórtico do templo de Apolo, o auto-conhecimento os homens têm de si mesmos a condição de todos os outros conhecimentos verdadeiros, é que se diz que o período socrático é antropológico, isto é, voltado para o conhecimento do homem, particularmente de seu espírito e de sua capacidade para conhecer a verdade. Sócrates procurava a definição daquilo que uma coisa, uma idéia, um valor é verdadeiramente o início de uma explicação lógica do homem em sua essência como em seu ambiente e principalmente seus relacionamentos sociais. Sócrates procurava a essência verdadeira das coisas, das idéias, dos valores. Procurava o conceito e não a mera opinião dos sofistas. Qual a diferença entre uma opinião e um conceito? A opinião varia de pessoa para pessoa, de lugar para lugar, de época para época. É instável, mutável, depende de cada um, de seus gostos e preferências. O conceito, ao contrário, é uma verdade intemporal, universal e necessária, que o pensamento descobre, mostrando que é a essência universal. Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas são. Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. É importante perceber as características gerais do período socrático: A Filosofia se volta para as questões humanas no plano da ação, dos comportamentos, das idéias, das crenças, dos valores e, portanto, se preocupa com as questões morais e políticas. O ponto de partida da Filosofia é a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexão. Reflexão é a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para conhecer-se; é a consciência conhecendo-se a si mesma como capacidade para conhecer as coisas, alcançando o conceito ou a essência delas. Como se trata de conhecer a capacidade de conhecimento do homem, a preocupação se volta para estabelecer procedimentos que nos garantam que encontramos a verdade, isto é, o pensamento deve oferecer a si mesmo caminhos próprios, critérios próprios e meios próprios para saber o que é o verdadeiro e como alcançá-lo em tudo o que investiguemos. A Filosofia está voltada para as idéias e práticas que norteiam os comportamentos dos seres humanos tanto como indivíduos quanto como cidadãos. Cabe também à Filosofia, encontrar a definição, o conceito ou a essência dessas virtudes, para além da variedade das opiniões, contrárias e diferentes trazer, uma reflexão que leva na antropologia um conceito que vise trazer esclarecimentos ao homem. Quem é o homem? Na Antropologia Platônica, a natureza humana pertence ao mundo natural porque dele procede a sua vida física, artística e a divina transcende e tem relação com o espiritual.
Antropologia da idade helenística
Trata-se do último período da Filosofia antiga, quando a polis grega desapareceu como centro político, deixando de ser referência principal dos filósofos, uma vez que a Grécia encontra-se sob o poderio do Império Romano. Os filósofos dizem, agora, que o mundo é sua polis e que são cidadãos do mundo. Essa época a Filosofia é constituída por grandes sistemas ou doutrinas, isto é, explicações totalizantes sobre a Natureza, o homem, as relações entre ambos e deles com a divindade esta, em geral, pensada como Providência divina que instaura e conserva a ordem universal. Predominam preocupações com a ética, pois os filósofos já não podem ocupar-se diretamente com a política, a física, a teologia e a religião. Datam desse período quatro grandes sistemas cuja influência será sentida pelo pensamento cristão, que começa a formar-se nessa época: estoicismo, epicurismo, ceticismo e neoplatonismo. A amplidão do Império Romano, a presença crescente de religiões orientais no Império, os contatos comerciais e culturais entre ocidente e oriente fizeram aumentar os contatos dos filósofos helenistas com a sabedoria oriental.
CONCEPÇÃO DO HOMEM NA FILOSOFIA MEDIEVAL

A concepção do homem filosoficamente no período medieval passa a ser teocêntrica e a fonte de explicação para tudo, inclusive para o conhecimento, situa-se fora do homem, não mais nas leis cósmicas como na Grécia, mas num Deus criador do qual o homem é dependente. No cristianismo medieval, além de uma divisão ideológica se colocava também uma divisão entre salvos pela graça e condenados. Contudo, o Deus cristão, mais tolerante que o dos hebreus, poderia reunificar os homens, na medida em que estes se reunificassem com Deus. Em certas representações os condenados podiam ser assimilados a selvagens. Na concepção hebraica, o selvagem tinha um estatuto ontológico: a encarnação da maldição; seus atributos mentais são os da loucura e/ou depravação. Os gregos também podiam perceber os selvagens como loucos, mas a atitude moral para com eles era diferente. Para os hebreus a Queda não fez com que todos os homens se tornassem selvagens, nem mesmo todos os gentios. De fato, os gentios podiam fornecer o paradigma do homem natural, enquanto os hebreus, povo do pacto com Deus, fornecem o paradigma da humanidade redimível. Ao lado do homem natural e do homem moral havia, contudo, uma terceira humanidade, a do homem selvagem, de quem Deus retirou a benção de maneira absoluta e que, em decorrência da retirada da benção, teria degenerado para um estado inferior ao próprio estado do homem natural. A tradição judaica, contudo, ao transmitir a idéia de maldição, cria ainda uma outra imagem pela qual o homem selvagem não se equipara ao animal, pois a natureza animal não é em o cristianismo medieval constrói a diferença entre os homens como expressão da corrupção da espécie, pois haveria graus distintos de aproximação com a forma perfeita de humanidade. O pensamento medieval era radicalmente cristão e o quadro desse pensamento era dado por uma teologia que implicava uma percepção particular do tempo. Justamente por ser cristão, era um pensamento eminentemente histórico, ainda que teocêntrico. O cristianismo trouxe consigo certas idéias centrais que iriam moldar o pensamento histórico; entre elas, a idéia de uma Criação localizada num momento preciso. Ao contrário do pensamento greco-romano, que não concebia a possibilidade de criação de algo a partir do nada, essa idéia trouxe consigo uma específica noção de causa, de devir e de progresso. Contudo, o cristianismo medieval retomou, de certa forma, um tema grego. Dada á queda, o homem sofre de uma cegueira inerente à condição humana. Para Agostinho, o homem faz o que pretende fazer, ao invés de seguir o caminho justo para a ação. É este desejo indomado que conduz ao pecado original. Mas, para o pensamento medieval o homem era também o instrumento da Providência e apenas esta dava inteligibilidade aos atos humanos. Por isso, as realizações do homem, apenas aparentemente resultantes de seu intelecto, são na realidade dirigida por uma sabedoria que lhe é externa, a sabedoria divina. Suas realizações, seus progressos, são realizações da Divina Providência. Assim, se Roma conquistou o mundo, isto não resultou de um plano concebido pelos homens, mas por Deus. Pela via da doutrina cristã, o homem é apenas um meio para a consecução dos fins estabelecidos por Deus. Criação negava a doutrina metafísica da substância em outros contextos. Nada é eterno, exceto Deus; a própria alma individual é desprovida de existência. Se nada é eterno, tampouco o são os povos ou nações, criados por Deus; por isso mesmo, podem ser por Ele recriados. Pela graça divina, os povos podem evoluir ou deixar de existir. Cria-se, então, numa linguagem teológica. Roma não é eterna, mas uma entidade transitória que surgiu num momento da história para realizar certas funções; realizadas estas, Roma desaparece, tendo cumprido o seu papel. Não deixa de haver certo "utilitarismo transcendental" nessa concepção. O pensamento cristão revoluciona a história, na medida em que engendra a idéia de que o processo histórico cria seus veículos: Roma não era pressuposto, mas produto do processo histórico. Mas é preciso não esquecer o essencial do pensamento medieval: a história humana não é uma história feita pelo homem. Vale salientar que os europeus medievais, tanto quanto os romanos com relação aos gregos, também não percebiam diferenças significativas entre antigos e modernos, característica do Renascimento, apenas algumas diferenças pontuais eram reconhecidas. No pensamento medieval, a humanidade era diferenciada pela via da graça. A fusão das tradições grega e hebraica fez surgir até mesmo uma subumanidade. Mas, por outro lado, para o cristianismo, todos os homens são iguais, inexistindo um povo eleito; nenhuma comunidade tem um destino mais importante que qualquer outra. No contexto teocêntrico medieval, contudo, Pelo contrário, tal concepção leva à idéia de uma história do mundo, pois o processo histórico é sempre igual em todos os lugares. Era preciso, então, estender a manifestação de Deus para toda a humanidade. O período em que a Igreja Romana dominava a Europa ungia e coroava reis, organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, às primeiras universidades ou escolas. E, a partir do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a Filosofia medieval também é conhecida com o nome de Escolástica. A Filosofia medieval sofreu uma grande influência das idéias de Agostinho. Durante esse período surge propriamente a Filosofia Cristã, que é, na verdade, a Teologia. Um de seus temas mais constantes são as provas da existência de Deus e da alma, isto é, demonstrações racionais da existência do infinito criador e do espírito humano imortal. A diferença e separação entre infinito (Deus) e finito, homem, mundo, a diferença entre razão e fé, a primeira deve subordinar-se à segunda, a diferença e separação entre corpo, matéria e alma, espírito, O Universo como uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam e governam os inferiores, Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais, minerais, a subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder espiritual de papas e bispos: eis os grandes temas da Filosofia medieval. Outra característica marcante da Escolástica foi o método por ela inventado para expor as idéias filosóficas, conhecida como disputa: apresentava-se uma tese e esta devia ser ou refutada ou defendida por argumentos tirados da Bíblia, de Aristóteles, de Platão ou de outros Pais da Igreja. Assim, uma idéia era considerada uma tese verdadeira ou falsa dependendo da força e da qualidade dos argumentos encontrados nos vários autores. Por causa desse método de disputa, teses, refutações, defesas, respostas, conclusões baseadas em escritos de outros autores, costuma-se dizer que, na Idade Média, o pensamento estava subordinado ao princípio da autoridade eclesiástica, isto é, uma idéia é considerada verdadeira se for baseada nos argumentos de uma autoridade reconhecida. São três as grandes linhas de pensamento que predominavam na Renascença: A primeira era proveniente de Platão, do neoplatonismo, nela se destacava a idéia da Natureza como um grande ser vivo; o homem faz parte da Natureza como um microcosmo, como espelho do Universo inteiro, e pode agir sobre ela através da magia natural, da alquimia e da astrologia, pois o mundo é constituído por vínculos e ligações secretas entre as coisas; o homem pode, também, conhecer esses vínculos e criar outros, como um deus. A segunda originária dos pensadores, que valorizava a vida ativa, isto é, a política, e defendia os ideais republicanos das cidades, contra o Império Romano-Germânico, isto é, contra o poderio dos papas e dos imperadores. Na defesa do ideal republicano, os escritores resgataram autores políticos da Antigüidade, historiadores e juristas, e propuseram o renascimento da liberdade política, anterior ao surgimento do império eclesiástico. A terceira colocava o ideal do homem como artífice de seu próprio destino, tanto através dos conhecimentos, astrologia, magia, alquimia, quanto através da política, o ideal republicano, das técnicas, medicina, arquitetura, engenharia, navegação, e das artes, pintura, escultura, literatura, teatro. A efervescência teórica e prática foi alimentada com as grandes descobertas marítimas, que garantiam ao homem o conhecimento de novos mares, novos céus, novas terras e novas gentes, permitindo-lhe ter uma visão crítica de sua própria sociedade. Essa efervescência cultural e política levou a críticas profundas à Igreja Romana, culminando na Reforma Protestante, baseada na idéia de liberdade de crença e de pensamento. À Reforma a Igreja respondeu com a Contra-Reforma e com o recrudescimento do poder da Inquisição. Todavia o homem buscou encontra em si mesmo respostas para seu futuro sem que fosse dominado por regras e dogmas, estabelecidas pela política da igreja. O futuro sem duvida traria essa perspectiva, pois o pensamento que vinha sendo formado e colocado durante os séculos mostrava maturidade, avanço em reconhecer que o homem precisava profundamente, se conhecer em toda a sua essência interior.


Pr.Israel Jordão.
|
This entry was posted on 05:58 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

0 comentários: